Ciência e bom senso.

Uma vida ceifada de forma violenta, o ribeirinho que ganhava sua vida atendendo turistas com pequenos afazeres, foi brutalmente devorado pela onça pintada. Tudo documentado pelo novo mundo instantâneo e digital.

Debates acalorados estão em curso, defensores de Jorginho e da onça se engalfinham nas mídias sociais. Uns pedem uma caçada impiedosa ao felino, querem a exposição do bicho morto em praça pública, precedida de caçada épica e devidamente filmada. A outra turma entrincheirada em defesa da onça, quase a perguntar; " o que Jorginho estava fazendo ali? O Pantanal é da onça, o homem não tem nada que estar ali.

A família incrédula e sofrida de Jorginho segue sem entender, precisa viver seu luto vendo os restos do corpo do ente amado sendo exposto. A onça acuada, tenta seguir sua rotina instintiva.

A escolha de como vamos nos relacionar com a natureza selvagem fez nossas vítimas. De um lado a brutalidade da conquista da natureza pelo ser humano, em um passado longínquo, historicamente aceitável, hoje não. De outro lado o endeusamento do selvagem, a ideia de que tudo que é puro não pode ter a presença do homem. A ideia enviesada de que a natureza só é bela e radiante em sua forma original.

A verdade é que a natureza é inóspita, instintiva e muito das vezes cruel. A busca da sobrevivência impera. O ser humano é movido por outros motivos, muito das vezes mais cruéis do que aqueles da simples sobrevivência. O homem precisa de leis e regras para pacificar seus sentimentos impublicáveis.

O mundo moderno desenvolveu ciência para convivência harmoniosa entre homem e natureza. Um desses mecanismos são os controles populacionais na natureza.

Nossos órgãos de defesa do meio ambiente, a academia e comunidade pantaneira precisam iniciar discussões a esse respeito, sempre a luz da ciência. É preciso deixar as paixões e ideologias de lado e olhar para casos de sucesso mundo afora. Ciência e bom senso.

O resto é escuridão e desrespeito!

Meus sentimentos aos familiares do Jorginho!!