Madrugada chegou brusca, nem chuva nem sol, tempo sem graça, próprio para solidão e silêncio intermitente.
Pirulito amuado na forma, o buçal entrou apertado, a corda ressecada machucou sua orelha. Tempo brusco de tédio e dor.
O domingo caiu na segunda-feira, tempo emburrado, brejo de formiga, viúva negra passeando faceira , morcego voando dia claro, urubu cagando branco e ácido na carne seca do tendal. O Bugre tirador de mal espírito desistiu, o dia estava perdido. Nem reza brava nem terapia, tudo perdido.
O combinado era fechar a vaquejada do Pau Seco, apartar a bezerra que matava a vacada já magra. Lino Preto escalou João Caititu para volteada da salina. Caititu foi sozinho, rompeu o cerradão do Siri, no destampar da baixada da Salina deu de cara com a pintada que roía uma capivara. Pirulito já vinha trocando orelha, Caititu entediado cravava a espora e socava boca do tal.
Ninguém se incomodou, a onça deu um olhar de desdém e continuou churrasqueando a capivara, pirulito de orelha caída passou ao lado do bicho disfarçado de árvore, João Caititu nuca comentou o acontecido com a companheirada. Empurrou a vaquejada para o rodeio e seguiu o silêncio intermitente.
A roda de tereré foi silenciosa, o cigarro acendeu amargo, Pantanal infernal!
Por: Leonardo Leite de Barros