Lula enfrenta primeira manifestação de policiais federais

A categoria acusa o governo federal de falta de compromisso com a carreira.

Lula enfrenta primeira manifestação de policiais federais

Os policiais federais elevaram o tom nas negociações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por aumento salarial e mudanças nos planos de carreira, e marcaram para esta 5ª feira (16.nov) uma manifestação nacional.

Na sede da PF em Brasília e na frente das superintendências nos estados, o sindicato organizou protestos, para a manhã desta 5ª feira. Na data é comemorado o Dia do Policial Federal. Em Brasília, o protesto começa na frente da PF e segue até o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

"Esperamos com isso chamar a atenção para uma situação que se arrasta sem uma razão convincente, visto que a proposta foi chancelada pelo próprio governo federal. Entretanto, mesmo diante desse fato histórico, o Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos ainda não apresentou os meios necessários à sua execução", informou o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcus Firme dos Reis, em nota da entidade.

Greve branca

Segundo a Fenapef, "várias atividades da PF em todo o país serão afetadas" com a greve branca da categoria.

Os policiais federais e servidores da PF pedem reestruturação das carreiras e atualização salarial. A categoria acusa o governo federal de "falta de compromisso" com a carreira. O alvo principal é a ministra Esther Dweck, da Gestão e da Inovação.

O ministério informou à categoria que ainda não teria encontrado uma solução para a implementação da reestruturação das carreiras, policial e administrativa, da PF.

Marcus Firme, presidente da Fenapef | Divulgação

Para as entidades de classe, o aumento de trabalho da PF reforça a necessidade de um acordo. A Fenapef cita o aumento "da demanda de atividades da Polícia Federal, como o lançamento do Programa de Ação na Segurança (PAS), que inclui um decreto de regulamentação de armas de fogo que transfere a competência de fiscalização dessa atividade do Exército para a PF, e, mais recentemente, a realização da segurança presidencial e o Decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)".

Segundo a categoria, essas medidas "têm exigido o máximo dos policiais federais sem qualquer contrapartida que promova a manutenção da excelência dos serviços prestados à população".

Crise política

A greve branca (quando os serviços são mantidos, mas o ritmo é reduzido) da PF é a primeira queda de braço entre a categoria e o atual governo Lula. A paralisação chega em momento crucial para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

Candidato a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), ele é alvo da mais nova crise do governo: o episódio da visita da mulher de uma liderança de facção criminosa ao ministério, com viagem paga pelo governo.

Desde o início da semana, a Fenapef pagou por inserções na TV, no rádio e em outdoors para chamar a atenção das pessoas para a campanha da categoria e para pressionar o governo Lula.

No fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os policiais federais também realizaram protestos contra o governo e acusaram o ex-presidente de traição. Chamado de "Dia D", no final de outubro -- véspera das eleições --, cerca de 200 policiais e servidores fizeram manifestações como a desta 5ª feira.

#avozdomsnews