Eleições em Campo Grande exige reconfiguração política com derrota de Rose Modesto, e impacta apoiadores que diziam ser "Bolsonaristas".

Enquanto isso, a política local segue se reorganizando, com um eleitorado mais atento e exigente diante de mudanças repentinas e alianças consignadas a possíveis vantagens.

Foto: The New York Times

Foto: The New York Times

Na recente eleição de segundo turno para a prefeitura de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a derrota da então candidata Rose Modesto (União Brasil), que contou com o apoio de partidos de esquerda como o PT inclusive, suscitou um debate sobre lealdade ideológica e posicionamento político entre os apoiadores. Rose, que acumula hoje, três derrotas para cargos executivos; sendo uma em 2020 para o governo do estado e outras duas que foram em 2016 e 2024 para a prefeitura da capital, lançando uma coligação diversa, incluindo tanto políticos que se posicionam como conservadores, quanto progressistas, o que despença mais apresentações devido à ampla divulgação da mídia local em relação a esse acontecimento.

No entanto, entre os apoiadores que embarcaram na campanha de Rose Modesto estavam figuras conhecidas da política local... Como os deputados: Lucas de Lima, Rinaldo Modesto, João Henrique Catan, Pedrossian Neto, além do ex-deputado Capitão Contar. Marquinhos Trad, ex-prefeito da Capital, também aderiu ao grupo, acompanhado de vereadores como Silvio Pitu, Dr. Victor Rocha, Junior Curinga, Flávio Cabo Almir, João Rocha e Coronel Villasanti. Muitos desses políticos, identificados anteriormente com pautas bolsonaristas e da direita conservadora, agora enfrentam críticas por terem se aliado a uma candidatura apoiada por partidos de esquerda.

A adesão desses políticos, alguns dos quais conquistaram mandatos em meio à onda bolsonarista, levantaram questionamentos sobre suas verdadeiras lealdades ideológicas. Para muitos eleitores, essas figuras, apelidadas de "melâncias", verdes por fora e vermelhas por dentro, tiveram interesses revelados pragmáticos ao se unirem a Rose. Essa reviravolta levou a população sul-mato-grossense a interpretar que muitos desses apoiadores estariam "com um pé em duas canoas", distantes da identidade política que pregavam, mas que deixavam de correr riscos ficando dos dois lados confortavelmente.

O passado, presente e futuro desses apoiadores de Rose...

Muitos dos apoiadores de Rose, que outrora se autodeclararam fidelidade ao conservadorismo, enfrentam agora o desafio de reconquistar a confiança do eleitorado sul-mato-grossense. Com a memória fresca de suas alianças políticas recentes, os candidatos podem se mostrar menos inclinados a aproximação do eleitor, já que políticos que não mantiveram a coerência ideológica nessa eleição, poderão sofrer questionamentos e rejeição nos próximos pleitos.

Esse movimento inesperado também evidenciou uma virada em um dos mantras que sustentaram a campanha da candidatura derrotada: o de que "foguete não dá ré", usado para fortalecer a máxima de que quem está na frente, não voltaria para rabeira, e ou, vitória e progresso sem retrocessos. No entanto, em tom irônico, os eleitores apontaram que, enquanto isso o foguete de Elon Musk dava ré e até estacionava. Já o "foguete" da coligação de Rose não apenas deu ré, mas "afundou". A metáfora sobre a Kombi ou foguete que se manteve em linha reta e constante acabou desmontada com a derrota.

TopMídiaNews/ Montagem: André de Abreu

Consequências e possíveis reconfigurações políticas...

Os próximos anos poderão trazer reflexos diretos dessas alianças no cenário político local. Deputados e vereadores que dependem do voto popular e disputam eleições futuras, estão em uma posição delicada. Em Mato Grosso do Sul, onde o eleitorado conservador tem forte presença, a proximidade com partidos de esquerda e a escolha por uma candidatura que visava um espectro político mais amplo pode cobrar um preço alto para esses apoiadores. As urnas de futuras eleições podem refletir uma desconfiança crescente em relação a figuras que, aos olhos de muitos eleitores, parecem estarem dispostas a ajustar suas alianças em prol de conveniências eleitorais, e não de convicção.

A eleição municipal de Campo Grande trouxe à tona uma alerta clara para os políticos que dependem de posicionamentos ideológicos firmes e coerentes. Enquanto isso, a política local segue se reorganizando, com um eleitorado mais atento e exigente diante de mudanças repentinas e alianças consignadas a possíveis vantagens.