Mdica e escritora, Ana Claudia Quintana Arantes diz que o cuidado paliativo pode melhorar a qualidade de vida das pessoas e fazer com que elas vivam mais, . Frame: TV Brasil/Divulgação - Frame TV BRasil
A médica e escritora Ana Claudia Quintana Arantes se define como uma ativista da cultura de cuidado. Autora de livros como “A morte é um dia que vale a pena viver”, ela afirma que a entrada precoce em cuidados paliativos é pode melhorar a qualidade de vida das pessoas e fazer com que elas vivam mais. “Como nós temos uma atenção muito cuidadosa para todas as dimensões do sofrimento, consegue-se fazer com que essa pessoa tenha um desempenho clínico melhor. Se ela está sem dor, se está dormindo bem, se a família está pacificada e ela tem acesso ao tratamento que é necessário, é isso que vai realmente fazer com que ela viva bem”, explica.
Toda pessoa que estiver com uma doença que ameace a continuidade da vida pode ser beneficiada por o tratamento. Um exemplo é o de Robert Thompson, um senhor inglês de 91 anos, que mora em Brasília e vive, há 13 anos, em cuidados paliativos. Atendido pelo Hospital de Apoio na capital, ele convive com um câncer metastático. Bob, como é chamado, passa os dias pintando telas em sua casa e fazendo pequenas embarcações de madeira.
Em casa
O governo federal criou, em 2011, um programa chamado Melhor em Casa, que faz parte do Sistema Único de Saúde, o SUS. É uma iniciativa que oferece cuidado domiciliar para pacientes que precisam de atenção contínua, como é o caso de algumas pessoas que estão em cuidados paliativos.
A professora Luciene Ferreira Machado Cibella conhece bem o programa. Seu marido Carlos Henrique sofreu um acidente vascular cerebral, há quase dois anos, numa visita a Brasília. Eles tinham viajado para uma festa de casamento quando o AVC ocorreu. Desde então, estão na casa de uma sobrinha, recebendo o acompanhamento da equipe multidisciplinar do programa.
“Eu falo que é um homecare onde eles ficam lá e a gente fica aqui. Porque se a gente precisar, mandamos mensagem e eles respondem na hora, o que eu acho muito legal.”, conta Luciene.
Fernanda Pires está em cuidados paliativos e conta com apoio da familia. Frame: TV Brasil/Divulgação - Frame TV Brasil
Fernanda Pires é professora e descobriu um câncer de mama em 2016. Em 2019, ela teve a primeira metástase no pulmão. Como o câncer não teria possibilidade de cura, Fernanda passou a contar com os cuidados paliativos. “Foi um processo de muita transformação e muito aprendizado. Porque eu passei a ver a vida de outra forma”. Fernanda se tornou voluntária de algumas ONGs, como a Oncoguia, o Instituto Ana Michele Soares, o Instituto Amor Rosa e o Heliópolis Compassiva, para apoiar outras pessoas que também recebem um diagnóstico de doença que ameaça a vida.
“O importante é eu levar a minha bondade para o outro e ter Deus. Porque é ele que alimenta a minha fé pra vida, em relação a cuidar do outro”, afirma Fernanda.
Para Alexander Moreira, psiquiatra e parapsicólogo, a espiritualidade pode ajudar muito os familiares e os pacientes. “A espiritualidade é fundamental nos cuidados paliativos. Será que a morte é uma porta ou é um muro? Então o cuidado paliativo é extrema importância e o apoio espiritual também, pois permite realmente um processo mais suave nessa passagem do indivíduo”, avalia Alexander.