A proposta de Donald Trump de deslocar 2 milhões de palestinos da Faixa de Gaza para a Jordânia e o Egito gerou forte resistência por parte desses países. Apesar da pressão americana, Egito e Jordânia se uniram em comunicado conjunto recusando o plano.
Em declaração oficial, a presidência egípcia destacou a unidade entre o Egito e a Jordânia.
"Os dois líderes afirmaram a unidade das posições egípcia e jordaniana, especialmente sobre a necessidade de plena implementação do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, a contínua libertação de reféns e prisioneiros, bem como facilitar a entrada de ajuda humanitária." concluiu a presidência egípcia.
O presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e o rei da Jordânia, Abdullah II, enfatizaram a importância do reinício imediato da reconstrução de Gaza sem o deslocamento da população. A recusa ao deslocamento forçado foi reiterada em comunicado do palácio real jordaniano.
Apesar da resistência, ambos os países afirmaram seu desejo de cooperação com Trump para alcançar uma "paz justa e duradoura" no Oriente Médio. Entretanto, a proposta de realocação dos palestinos foi categoricamente rejeitada. Um tom conciliatório foi adotado pelo rei Abdullah em encontro com Trump, oferecendo acolhida a 2 mil crianças palestinas com doenças graves.
Para analistas, a estratégia de Egito e Jordânia é apaziguar Trump com ofertas de cooperação, ganhando tempo para que ele abandone o plano ou reconheça suas desvantagens. Embora o rei Abdullah tenha rejeitado o deslocamento em massa, ele reconheceu o papel dos EUA na busca por uma solução de dois estados, afirmando:
"Alcançar uma paz justa com base na solução de dois estados é o caminho para garantir a estabilidade regional. Isso requer liderança dos EUA." disse o Rei Abdullah II.
O Egito também reiterou o desejo de trabalhar com Trump por uma paz abrangente e justa, mas sem mencionar a participação na proposta de deslocamento. A declaração egípcia reafirmou a necessidade de um estado palestino para garantir a paz.
A proposta de Trump foi rejeitada por palestinos e árabes como limpeza étnica e um obstáculo ao sonho de um estado palestino. Como alternativa, o Egito apresentou um plano para a reconstrução da Faixa de Gaza sem deslocar a população. O aumento do alarme sobre a ideia levou o Egito a enfatizar sua prontidão para ajudar na reconstrução, assim como fez após conflitos anteriores.
Um magnata egípcio, Hisham Talaat Moustafa, propôs um investimento de US$ 20 bilhões na construção de 200 mil unidades habitacionais em Gaza, sem deslocar palestinos. O rei Abdullah também destacou a necessidade de consultas com o Egito e outros países árabes, incluindo uma reunião em Riad, antes de responder a Trump. Uma cúpula de líderes árabes foi convocada no Cairo para discutir o assunto em 27 de janeiro.
Apesar da resistência, Trump insistiu na ideia de transformar Gaza em um centro turístico, chegando a ameaçar cortar a ajuda americana para Egito e Jordânia. No entanto, ele pareceu amenizar a ameaça e sugeriu considerar outros países para receber os palestinos, incluindo Albânia e Indonésia. Especialistas alertam que a postura de Trump ignora a importância da estabilidade no Egito e na Jordânia, aliados próximos dos EUA em questões de segurança.
A cooperação do Egito e da Jordânia em segurança regional é valiosa para os EUA. O Egito recebe US$ 1,3 bilhão anuais em assistência militar, enquanto a Jordânia abriga uma base militar americana e uma grande estação da CIA. Ambos os países compartilham a visão americana sobre o islamismo militante e têm apoiado Washington em lutas contra grupos terroristas.
Apesar de ambos terem acolhido refugiados palestinos no passado, analistas afirmam que preferem arriscar a perda da ajuda americana a alienar suas populações por parecerem cúmplices de limpeza étnica. Para a Jordânia, acolher um grande número de palestinos é inaceitável devido à possibilidade de desestabilizar a monarquia. O Egito também vê a possibilidade de deslocamento forçado como ameaça à segurança, devido a riscos de ataques contra Israel.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, alertou para o risco de deslocamento futuro de palestinos na Cisjordânia ocupada. A proposta de Trump gera receios de esvaziamento da Palestina histórica de sua população, algo considerado inaceitável.
*Reportagem produzida com auxílio de IA