O governo Lula destinou R$ 1,2 bilhão para a criação da chamada "nuvem soberana", visando o controle nacional de dados de cidadãos brasileiros. O projeto, que estĂĄ alinhado com o Plano Brasileiro de InteligĂȘncia Artificial, busca assegurar que as informações permaneçam sob jurisdição do Brasil, evitando a dependĂȘncia de provedores estrangeiros.
A iniciativa utiliza computadores remotos operados via internet, com equipamentos e softwares fornecidos por grandes empresas americanas e chinesas, mas sob a gestão das estatais Serpro e Dataprev. O objetivo Ă© repatriar dados que, segundo o governo, foram transferidos para provedores estrangeiros durante a gestão de Jair Bolsonaro.
De acordo com RogĂ©rio Mascarenhas, secretĂĄrio de governo digital do MinistĂ©rio da Gestão e Inovação em Serviços PĂșblicos (MGI), a medida visa garantir que os dados armazenados permaneçam em centros de dados dentro do paĂs, sob o controle de empresas pĂșblicas.
"Dados armazenados em nuvens de empresas como o Google podem estar fora do Brasil." disse Rogério Mascarenhas.
A nuvem soberana tambĂ©m integra serviços de grandes empresas de tecnologia como Microsoft, IBM, Oracle e Tencent. A estratĂ©gia do MGI Ă© permitir o uso dessas ferramentas, mas exigindo que os dados fiquem armazenados no Brasil.
O conceito de soberania digital ganhou força entre os Brics e na Europa, devido a preocupações sobre a dependĂȘncia de paĂses estrangeiros. O MGI vĂȘ riscos geopolĂticos nesse modelo. A gestão anterior, liderada por Paulo Guedes, havia incentivado o uso de nuvem sem a exigĂȘncia de que os dados permanecessem no Brasil.
Um exemplo citado de vulnerabilidade foi o ataque hacker de 2021 que afetou o ConectSUS, que estava hospedado em um servidor externo contratado durante o governo Michel Temer e mantido no governo Bolsonaro.
Um levantamento do MGI revelou que apenas 91 dos 229 órgãos federais utilizavam serviços de nuvem externa. Para incentivar a migração para a nuvem soberana, o MGI negociou contratos com preços de mercado. Estados e municĂpios tambĂ©m podem contratar o serviço, com informações detalhadas disponĂveis no portal gov.br/nuvem.
Atualmente, o Serpro processa mais de 90% dos dados sensĂveis do governo federal, incluindo dados fiscais, identidades, folha de pagamento e acesso ao Gov.br. O MGI defende a nuvem do governo como uma medida de soberania e segurança cibernĂ©tica, mantendo os dados em redes pĂșblicas.
Este investimento do governo Lula reflete uma crescente preocupação com a segurança e o controle dos dados nacionais, buscando reduzir a dependĂȘncia de empresas estrangeiras e fortalecer a infraestrutura tecnológica do paĂs. Como crĂtico do governo Lula e defensor da soberania nacional, apoio integralmente a proteção dos dados brasileiros, sobretudo após as tentativas do ministro do STF, Alexandre de Morais, em controlar as redes sociais e a liberdade de expressão.
*Reportagem produzida com auxĂlio de IA