Conheça o império do maior produtor de soja do Piauí

Um dos pioneiros produtores de soja do Piauí veio há 22 anos para a região de Uruçuí no Piauí. descendente holandês planta uma área total de 91 mil hectares de soja

Foto: Divulgação

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Cornelio Adriano Sanders, descendente holandês chegou ao Piauí no ano de 2001, vendo nas terras piauienses um campo fértil para expandir sua produção agropecuária. O Grupo Progresso atualmente conta com 4 propriedades no Piauí, nos municípios de Sebastiao Leal, Uruçuí, Landri Sales e Guadalupe. Como principais atividades, estão o cultivo de soja, milho, algodão, beneficiamento de algodão, pesquisa e produção de sementes de soja, eucalipto e, atualmente, iniciando integração lavoura, pecuária e floresta.

Com um total de 640 funcionários, o Grupo Progresso possui uma infraestrutura completa de secagem e armazenagem. Além da soja, o produtor planta milho, algodão e sementes de soja. São produzidos atualmente mais de 1,5 milhões de sacas de sementes de soja e mais de 5 mil hectares de algodão. E todos os grãos têm secagem 100% a vapor.

A produção de sementes começou há 15 anos e possui um laboratório completo dentro da fazenda para realizar as análises nas sementes. São 40 mil hectares destinados para o plantio de sementes.

O interessante é que os silos para armazenagem das sementes são pintados de branco para diminuir o calor interno e manter o potencial germinativo. Comprovado em teste realizado na propriedade, a pintura de branco reduziu 10 graus na temperatura do silo. Silos próprios beneficiam e armazenam grãos e sementes de soja. Sistemas fechados tratam água e resíduos. Uma recém-construída usina solar tornou a operação autossuficiente em energia.

"A principal variedade que produzimos hoje é neogen, uma variedade neogênica 790, um material precoce para nós aqui, para o norte todo, é o que a gente mais está produzindo, dá uns 350 mil sacos só desse material. Tem ampla adaptação e alto potencial produtivo", disse Sanders.

Cornelio Adriano Sanders / Foto: Divulgação

Segundo o produtor, o ponto que impulsionou o crescimento foi quando decidiram se mudar para o estado do Piauí. "Aqui a gente ganhou muito na valorização do patrimônio. Mas se você ver tudo o que construiu e fez aqui foi com a produção daqui", comentou.

Aeroporto dentro da fazenda

Dentro da matriz do Grupo Progresso tem um aeroporto com cinco aviões para realizar tratos agrícolas, como por exemplo, pulverização, e dois aviões pequenos comerciais para locomoção. Além de um jato. E, um hangar foi montado especialmente para a produção de produtos biológicos. "Essa é a fazenda principal, tem aquela que vocês foram conhecer que a gente planta 14.300 hectares, tem outra que é 10.600 e tem a Tropical que é 21 mil. A Novo Progresso tem 36 mil de plantio", contou.

Foto: Divulgação?

Mesmo cercada por lavouras cujas dimensões se perdem no horizonte, a Fazenda Progresso, localizada em Sebastião Leal, no oeste do Piauí, chama a atenção pela grandiosidade. São 32.000 hectares plantados de grãos, numa área total de 54.000 hectares, que abarca também uma parte de vegetação preservada.

Cada fazenda possui uma estrutura completa para a manutenção de máquinas. E, nada se perde, desde os resíduos de soja até o caroço do algodão é vendido para a extração de óleo e a fabricação de ração para gado.

Foto: Bollgard Brasil

História da família Sanders

A família Sanders chegou da Holanda ao Brasil em 1949 e sempre teve como atividade a agricultura. Quando, Thomas Sanders, o patriarca da família, faleceu, seus filhos Theodorus, Gerardus, Henrique, Thomas e Cornélio Sanders, na época com apenas 15 anos, se viram com a tarefa de assumir os negócios deixados pelo pai. Após muitos anos de trabalho, a família conseguiu se tornar proprietária de 06 fazendas, sendo uma em Dourados (MS), uma em Primavera do Leste (MT) e três em Paracatu (MG). No entanto, em 1997, os irmãos Gerardus e Cornélio decidiram concentrar as propriedades apenas na região de Paracatu (MG). Um fator determinante para essa tomada de decisão foi um episódio com o clima de Dourados para o plantio de algodão. "Teve um ano que choveu 30 dias sem parar em cima do algodão pronto para colher, perdemos 60% em produtividade", lembra Gregory. Em 2000, a sociedade entre os irmãos chegou ao fim e cada um seguiu seu caminho na agricultura.

Em julho do mesmo ano, Cornélio e seu filho mais velho, Gregory Sanders, fizeram uma viagem para Formosa do Rio Preto, divisa entre Bahia e Piauí, e, graças a um encontro inesperado com um amigo nesta jornada, acabaram descobrindo no Piauí um lugar com perspectiva de desenvolvimento agrícola. Em 2002, Gregory se formou em agronomia e assumiu o compromisso de tocar as terras adquiridas pelo pai. Dois anos depois, em 2004, formou-se também em administração e se mudou de vez para o Piauí, onde poderia gerenciar a propriedade de perto ao lado do pai. Foi assim que teve início uma das maiores empresas agrícolas da região, a Fazenda Progresso.

Hoje, a família Sanders, além da Fazenda Ouro Branco de 3792 ha em Paracatu (MG), tem outras quatro propriedades nas cidades de Sebastião Leal, Uruçuí, Landri Sales e Guadalupe, todas no Piauí. A Fazenda Progresso conta com aproximadamente 47 mil hectares, a Fazenda Imperial com 14 mil, a Fazenda Rainha da Terra com 9,5 mil e a Fazenda Península com 800 ha. Para o plantio de algodão são reservados cerca de 5 mil hectares.

"Fomos pioneiros do algodão no Piauí. O estado tinha apenas pequenas experiências com essa cultura antes de chegarmos na região"

Mas o início não foi nada fácil. Afinal, essa região do Piauí ainda era praticamente desconhecida à atividade agrícola. "Foi uma aposta muito grande. Tudo era apenas uma área bruta, com vegetação nativa, algumas fazendas que foram abertas e abandonadas, poucos exemplos de lavouras que demonstravam algum potencial de produção. Não tínhamos nenhuma referência de que daria certo", conta Gregory.

Foto: Divulgação

Além dessas dificuldades, Gregory conta que a família Sanders ainda teve que enfrentar as questões de locomoção e aquisição de estrutura necessária para desenvolver um bom trabalho, como maquinários.

"Não havia estrada direito. Qualquer caminho que a gente precisasse percorrer era, no mínimo, 100 km de chão. Além disso, não tinha nenhuma concessionária de máquinas na região, a mais próxima ficava em Balsas, a 290 km", diz.

Mesmo com todos esses problemas, nunca pensaram em desistir. O filho conta que sempre encontrou apoio no pai para continuar e vice-versa. Com isso, aprenderam a lidar melhor com os desafios que surgem a cada safra, ampliando conhecimentos e capacidade.

Cornélio ainda tem outros dois filhos: Greicy Sanders Carneiro e Gueberson Sanders. Greicy é advogada de formação, mas também trabalha na empresa. Ela administra a propriedade da família em Minas Gerais e dá suporte jurídico a todas as demais unidades. Já Gueberson está terminando a faculdade de medicina e participa da empresa como acionista.

Para Gregory, todo esse esforço é recompensado quando os resultados do trabalho começam a ser colhidos, tanto diretamente no que diz respeito às colheitas, quanto indiretamente quando se trata do desenvolvimento de uma região.

"Quando a agricultura chegou e se mostrou viável isso deu um desenvolvimento muito grande para a região, é uma mola propulsora que ano a ano continua impulsionando a economia e atraindo novos investimentos. Hoje podemos orientar os recém chegados, algo que não tínhamos quando nós chegamos aqui: uma referência", comemora.

Ao ser questionado sobre o que o encanta mais em ser agricultor, Gregory não hesita em responder: "Eu gosto muito de desafio, gosto de ser desafiado e isso é algo que a agricultura pede. Lidar com o incerto, agir com inteligência, experimentação, isso é algo que mexe muito comigo e me prende constantemente".

Já quando o assunto é a relação com o pai, o que de mais importante ele lhe trouxe de aprendizado na vida e como se sente vendo os filhos darem continuidade ao negócio da família, Gregory diz: "Honestidade, garra, perseverança e muita vontade de trabalhar foi o que aprendi com meu pai. Ele não é muito de falar, mas a gente percebe que ele se sente realizado. Ele tem 61 anos e ainda se dedica tanto ao trabalho porque vê a prosperidade disso com os filhos."

E o legado da família ainda tende a continuar por muitos e muitos anos. Gregory, por exemplo, é casado e pai de dois filhos e já imagina que eles devem seguir a carreira também. Afinal, para ele, quem nasce e cresce nesse meio, dificilmente se apaixona por outra atividade pela importância que ela tem.

"Todo agricultor, de todo porte, de todas as regiões, é um herói. Mesmo com todos os contras, continuamos trabalhando ano a ano, acreditando que o dia de amanhã vai ser melhor do que o de hoje", finaliza.

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