Há 20 anos, quando assumiu a Presidência da República pela primeira vez, Luiz Inácio Lula da Silva comprou briga com amplos setores do PT ao escolher o banqueiro Henrique de Campos Meirelles para assumir o comando do Banco Central (BC).
Duas décadas depois, já distante da órbita petista após ter sido ministro da Fazenda de Michel Temer (2016-2018) e secretário da Fazenda de São Paulo na gestão de João Doria (2019-2022), Meirelles declarou apoio à candidatura de Lula no segundo turno da eleição presidencial, contra Jair Bolsonaro (PL).
Passados quatro meses do novo governo, o ex-chefe do BC, hoje aos 77 anos, vê com preocupação a condução da economia. Para ele, Lula optou por seguir uma linha semelhante àquela adotada por Dilma Rousseff, que governou o país de 2011 a 2016, até ser afastada do cargo por impeachment, em vez de reeditar a política de seus dois mandatos anteriores.
"O Lula começou a anunciar, logo depois da eleição, uma política na linha do que foi o governo da ex-presidente Dilma, que levou o Brasil a uma recessão muito grande. É um risco que corremos", alerta Meirelles, em entrevista ao Metrópoles.
Meirelles lamenta a decisão do governo de acabar com o teto de gastos – implementado sob sua gestão na Fazenda, em 2016 – e vê problemas no projeto do novo arcabouço fiscal. Para ele, o modelo é "complexo", "de difícil execução", e depende de um aumento significativo da arrecadação para se viabilizar.
Nesta entrevista ao Site, Meirelles defende uma reforma administrativa, critica eventuais mudanças na Lei das Estatais e afirma que o bombardeio do governo Lula sobre a gestão do presidente do BC, Roberto Campos Neto, dificulta a queda dos juros.
"O BC está fazendo um trabalho correto, adequado. Esse barulho todo é até compreensível do ponto de vista político, mas é negativo no aspecto econômico e de política monetária", afirma.
#avozdomsnews