Conheça a história de Assunção, a mãe das cidades

Ao olhar para Assunção, estamos olhando para a história do próprio Paraguai, uma nação que, apesar dos desafios, soube se reinventar e prosperar

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Assunção./ Foto: Lilian Grellmann

Assunção./ Foto: Lilian Grellmann

Em meio à exuberância da natureza sul-americana, encontramos Assunção, a capital do Paraguai. Uma cidade repleta de histórias, conflitos e triunfos, que convida todos a embarcar em uma viagem no tempo, desde sua fundação no século XVI até o vibrante centro político, cultural e econômico que é hoje.

Assunção foi fundada no dia 15 de agosto de 1537 pelo capitão espanhol Don Juan de Salazar y Espinoza, que chegou a Assunção ao lado de Don Pedro de Mendoza, primeiro governador da região do Rio da Prata. Recebeu inicialmente o nome de "Puerto y Casa Fuerte de Nuestra Señora Santa María de la Asunción". No entanto, os habitantes locais conheciam a área pelo nome do rio principal, "Paragua"y".

A cidade, que também foi carinhosamente chamada de "Madre de Ciudades", rapidamente se tornou o núcleo político e administrativo da região, sendo palco dos principais eventos históricos. Em seus portos, partiam expedições para fundar outras cidades, como Buenos Aires (segunda fundação), Corrientes, Santa Fe, Concepción del Bermejo (Argentina); Santa Cruz de la Sierra (Bolivia); Santiago de Jerez, Ciudad Real (Brasil).

Viktor Kisman / Pixabay

Uma data particularmente notável na história de Assunção é a "Fundação do Cabildo". Em 16 de setembro de 1541, os expedicionários se reuniram na Casa Fuerte de la Asunción e, sob a liderança de Domingo de Irala, assinaram o ato de fundação. Esta ação representou o primeiro passo em direção à formação de um governo estável, com base nas normas que regiam as instituições da época.

Assunção testemunhou eventos históricos significativos, como a Independência do Paraguai em 14 e 15 de maio de 1811, quando se libertou do Vice-reino do Rio da Prata (colonização espanhola). Um pronunciamento militar liderado por Pedro Juan Caballero forçou o governador Bernardo de Velasco a formar uma junta revolucionária, e uma semana depois, o governador foi forçado a renunciar.

A cidade também foi palco de dois grandes conflitos bélicos: a Guerra da Tríplice Aliança (1864 – 1870), que provocou a invasão do Paraguai e a dramática redução da população do país; e a Guerra do Chaco (1932-1935) contra a Bolívia, que culminou na integração do território do Chaco à soberania paraguaia.

No período pós-guerra, Assunção vivenciou uma fase de grande instabilidade política, com inúmeras revoluções e levantamentos militares. Foi neste período que surgiram os dois partidos tradicionais do Paraguai: o Liberal e o Colorado.

Foto: Lilian Grellmann

A história mais recente de Assunção é marcada pela queda da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), o período mais longo de uma presidência na história independente do Paraguai. Após a queda do regime, em março de 1999, a cidade foi abalada pelo "Março Paraguaio", uma revolta social desencadeada pelo assassinato do vice-presidente Luis María Argaña. O movimento resultou na renúncia do então presidente Raúl Cubas Grau.

A cidade, além de ser um dos principais palcos da política paraguaia, também passou a desempenhar um papel essencial no setor econômico. A capital do Paraguai concentra hoje a maior parte das sociedades comerciais e industriais, a banca nacional e internacional, bem como as delegações diplomáticas, formando a principal infraestrutura hoteleira e de serviços.

Por suas ruas, é possível perceber a transformação vivida pela cidade ao longo de séculos. As funções originais de Assunção, política/administrativa, posto militar e porto de enlace (logística), foram se adaptando ao longo do tempo. O transporte fluvial, essencial no início, foi complementado e parcialmente substituído pelo transporte terrestre e aéreo ao longo do século XX.

Hoje, Assunção mantém seu papel de liderança política e administrativa. De acordo com o Artigo Nº 157 da Constituição Nacional, a cidade é a capital da República do Paraguai e sede dos poderes estabelecidos no país. O edifício conhecido como Centro de Governo, atualmente em construção no Porto de Assunção, reforça ainda mais esse papel.

No entanto, Assunção não se resume apenas à política e economia. A cidade também se tornou um popular destino turístico, atraindo visitantes com suas ricas tradições, arquitetura colonial e a vibrante vida cultural e artística. Os serviços associados ao turismo têm aumentado nas últimas décadas, mostrando o potencial da cidade para além de sua importante função administrativa.

A história de Assunção, portanto, é um fascinante relato de transformação e resiliência. A cidade, que nasceu como um pequeno forte às margens do Rio Paraguai, se transformou em um vibrante centro político, econômico e cultural. Ao olhar para Assunção, estamos olhando para a história do próprio Paraguai, uma nação que, apesar dos desafios, soube se reinventar e prosperar. E, talvez, é essa resiliência que faz de Assunção um lugar tão especial para seus habitantes e visitantes.

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