Amanheceu bonito e triste. Flórisa negou amor, a filha brigou, avisou em tom de ameaça que iria fugir com Calça de Quina, almofadinha sobrinho do dono da fazenda Vitória.
Estava tudo errado, o Pantanal era o inferno. Buçal pesava na mão, olhou na cara do pirulito e sentiu raiva. Pegou o bruto na forma e saiu dando uns trancos, não tirou a poeira do lombo do confiança, apertou a chincha sem piedade, alguém tinha que pagar a desgraça do mundo.
Fecharam rodeio na corixinha. Vaqueiro velho não cerca vaquejada, esse dia avisou; " pode curar a bezerrada, vou cuidar rodeio " . De longe acendeu seu cigarro e ficou remoendo.
Indiferente a desgraça alheia, a companheirada curava a bezerrada. A vaca brazina saiu para ir embora, velhaca, abaixou cabeça no mimoso e fofou blusa. Lugar errado, pegou Sebo de mau com o mundo, pirulito sentiu a espora entrando na sua paleta. Pantaneiro, cavalo e vaca, barulho de casco e o tirão do laço, pirulito pegou um buraco de tatu, rodou, a vaca no laço e Sebo amassado embaixo do confiança. Pirulito levanta atordoado, Sebo com o pé enroscado no estribo. O milagre, loro ressecado da enchente arrebenta e salva. Sebo livre, pirulito firme chinchando a vaca, Passo Triste chegou jogando a coberta, vida que segue.
Esfrega de Deus! Sebo voltou amoroso pra casa, banhou com carinho pirulito, beijou Florisa, abraçou a filha e se deliciou com o carreteiro.
Por: Leonardo Leite de Barros