Uems cresceu mais do que os sonhos dos fundadores

A ideia começou em 1979, em Dourados, com a proposta do deputado Walter Carneiro

Uems está presente em 15 municípios sul-mato-grossenses e conta com cerca de 20 mil egressos (Crédito: Governo de MS)

Uems está presente em 15 municípios sul-mato-grossenses e conta com cerca de 20 mil egressos (Crédito: Governo de MS)

Ao comemorar 30 anos de existência, é possível dizer que a Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso Sul) cresceu mais que o sonho de seus fundadores. Em três décadas de história, são 20 mil pessoas formadas em 66 graduações divididas em 15 municípios, com o suporte de 550 professores e 449 técnicos administrativos. Na instituição são oferecidos, ainda, 18 cursos de pós-graduação, 14 mestrados e dois doutorados.

Quatorze anos dividiram o projeto da implantação da Uems, que passou por cinco governadores, mas foi na gestão de Pedro Pedrossian, em 1993, que a universidade deixou o papel e passou a figurar na realidade acadêmica sul-mato-grossense. A tramitação ainda está na memória da professora Eliza Cesco, ex-secretária acadêmica da Uems e integrante da comissão que deu início a implantação da instituição. "Pedrossian tinha crença de que só pela educação, se daria o desenvolvimento do nosso Estado. Para o planejamento dessa implantação, destaco, dentre outros, o importante papel da então Secretária de Educação, professora Leocádia Aglaé Petry Leme, que depois veio a assumir a reitoria por dois mandatos".

Pedro Pedrossian já havia instalado duas instituições de ensino superior, a UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso) e a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Na época da implantação da Uems, o ex-governador enfatizou a importância da democratização de oportunidades. "Tenho a serena convicção de que instalar uma universidade significa, antes de tudo, pavimentar múltiplos e seguros caminhos para o futuro. Significa assegurar às jovens gerações mais que a importante democratização de oportunidades, mais que a fundamental capacitação técnica e intelectual, garantir à juventude de hoje e de sempre, os conceitos éticos e o conhecimento crítico sem os quais toda a ciência acumulada pouco ou nada valem", afirmou em 20 de dezembro de 1993, data da inauguração da Uems.

O ex-governador Pedro Pedrossian consolidou a UEMS (Crédito: Midiamax)

Correria por assinaturas marcaram início do projeto de implantação da Uems

A ideia começou em 1979, em Dourados, com a proposta do deputado Walter Carneiro e, por avaliação de Ramez Tebet, que elaborava o projeto da Constituição do Estado, houve o entendimento de que a universidade fosse criada por meio de uma lei ordinária. A barreira não impediu que Carneiro conseguisse 13 assinaturas para a votação da criação da instituição com base constitucional.

O conceito da Uems foi o de interiorizar o ensino acadêmico. Àquela altura, Mato Grosso do Sul contava com uma única Ifes (Instituição Federal de Ensino Superior), a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), com os campi da Capital, Dourados, Aquidauana e Três Lagoas.

"À época, as universidades públicas de que dispúnhamos eram as universidades federais que, via de regra, estavam sediadas nas capitais brasileiras. Isso restringia o acesso à educação superior aos moradores das capitais e aos filhos de famílias economicamente abastadas que tinham condições de enviar os filhos para realizarem seus estudos em outras cidades. Os jovens que moravam em municípios do interior e sem condições financeiras estavam fadados a restringir seus estudos à educação básica", recorda Eliza Cesco.

A formação inicial da Uems contava com unidades em Dourados, Amambai, Aquidauana, Cassilândia, Coxim, Glória de Dourados, Ivinhema, Jardim, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas (essa última deixou de funcionar em 24 de maio 1996).

A demanda por novos cursos, contudo, não para de crescer, como explica o reitor da Uems, Laércio Alves de Carvalho. "Somente em 2022, ampliamos a quantidade de cursos para 14 novas graduações e temos, ainda, a demanda em municípios como Mundo Novo, Aquidauana e Cassilândia para aumentar a oferta, além de Campo Grande".

Professora lembra que Uems atuou para melhorar a capacitação dos docentes do Estado

A professora Eliza Cesco integrou a comissão de implantação da Uems e atou na universidade por muitos anos (Crédito: Facebook)

De acordo com o reitor, o governo do Estado deve investir R$ 4,3 milhões na instituição, recursos que serão direcionados ao ensino, pesquisa e extensão. Eliza Cesco lembra destaca que, por meio da Uems, houve valorização e investimento na qualificação dos professores que atuavam em Mato Grosso do Sul.

"No que diz respeito à Uems, a par do estudo do perfil socioeconômico do município, para a escolha dos cursos a oferecer, tínhamos uma meta, que era a de melhorar a qualidade da educação básica por meio do oferecimento de cursos de licenciaturas. Mato Grosso do Sul, como muitos outros Estados, contava com grande número de professores leigos em nossas escolas. Para a definição das outras graduações a implantar, fizemos um estudo da realidade local, identificando carências e vocações e visitamos todos os municípios em que se instalaram as unidades, para discussão com a comunidade".

No total, foram implantados 12 cursos, com 18 ofertas, das quais 11 eram de licenciatura. Além de aumentar a capilaridade das vagas acadêmicas de ensino superior, a Uems nasceu com o conceito promover a inclusão, tendo, desde a fundação, a oferta de vagas direcionadas para grupos minoritários.

Uma nova forma de olhar para a comunidade indígena

A Uems foi pioneira na integração da comunidade indígena no ensino acadêmico (Crédito: Uems)

A Uems foi a primeira e ainda é a única universidade do Brasil a reservar 10% das vagas de todos os cursos para indígenas e a segunda a designar 20% das vagas para negros. Hoje, Mato Grosso do Sul é o único Estado a contar com uma legislação específica ( Lei 2.065-2003) para garantir o acesso dos indígenas à educação pública superior.

Segundo a assessoria de imprensa da instituição, com a adesão ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada) a Uems passou a receber não só indígenas do Estado, mas também de outras localidades, com destaque para os do Amazonas. Hoje, 20 etnias são representadas por estudantes indígenas na universidade. Segundo o reitor Laércio Alves de Carvalho, há atuação direta para atender as demandas dos povos originários, com o curso de Pedagogia Intercultural, podendo ser implantados outros, como o de Agroecologia.

Para além da inclusão, a democratização do acesso ao ensino superior pela Uems também é revelada pelos cursos na modalidade EAD (Ensino a Distância). São em 15 municípios com unidades físicas, em parceria com a UAB (Universidade Aberta do Brasil), tendo, ainda, sete polos de educação a distância, por meio das tecnologias de comunicação e informação.

Desde a implantação, as mudanças sociais e econômicas do Estado impuseram a Uems a adaptação para acompanhar as necessidades apresentadas. "Sabemos que todo bom planejamento, inclui reprogramação, no decorrer do percurso. Assim, a Uems, fundamentada na prática de ouvir a comunidade, de estar atenta às suas necessidades, vem ampliando as ações, sempre na direção do bem social", pondera Eliza Cesco.

Entre as ações de atuação junto à comunidade, Laércio Alves de Carvalho destaca o projeto UEMS na Comunidade, que visa colaborar com eixos importantes definidos pelo governo estadual, no sentido de atendimento à população do Estado de Mato Grosso do Sul. "Começamos no mês de abril, em Jardim e cerca de 4,5 mil pessoas conheceram uma parte do nosso trabalho. O objetivo é rodar os 79 municípios do Estado para conhecer as demandas das comunidades".

No ritmo da mudança relacionada às necessidades apresentadas, o reitor cita o projeto Uems na Rota Bioceânica, cujo objetivo é promover e fomentar o desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável da sociedade. "Esse é um dos destaques do trabalho de inserção internacional da Uems, onde contamos com mais de 150 pesquisadores e mais de 40 trabalhos apresentados em congressos e revistas".

Outro projeto destacado por Laércio Alves de Carvalho foi feito em parceria com a Itaipu binacional e, por onde, serão conduzidos 18 estudos técnico-científicos sobre solos, fauna, flora, caracterização socioambiental, prospecção fitoquímica de espécies vegetais e capacitação técnica. "Nosso trabalho em Mundo Novo, do MS Carbono Neutro, houve a captação de mais de R$ 8 milhões junto à Itaipu e ao governo federal".

Meta é continuar em sintonia com a comunidade, afirma Laércio Alves, reitor da Uems

Atual reitor da Uems, Laércio Alves enfatiza que universidade vai continuar mais próxima da comunidade (Crédito: Facebook)

O reitor enfatiza que a Uems vai continuar no ritmo da integração com a comunidade local e internacional como forma de contribuir para o crescimento do Estado. "Estamos trabalhando no sentido dos projetos estratégicos. Sem planejamento, entrega de resultados a universidade não cresce e isso nós estamos fazendo com competência. Temos gratidão e respeito ao povo de Mato Grosso do Sul. Estaremos, cada vez mais, atendendo as demandas do povo do Estado".

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